Quem sofre com enxaqueca sabe como um simples hábito pode desencadear ou aliviar uma crise. E o café, bebida queridinha de muitos, está sempre no meio dessa discussão: ele ajuda ou atrapalha? A verdade é que a relação entre cafeína e enxaqueca é complexa e cheia de nuances.
Neste artigo, vamos explorar os efeitos da cafeína no cérebro, entender por que ela pode ser tanto remédio quanto gatilho, e mostrar como você pode ajustar seu consumo para viver melhor — especialmente se convive com dores de cabeça frequentes.
Como a Cafeína Atua no Cérebro
A cafeína é um estimulante natural que age bloqueando a adenosina, um neurotransmissor responsável por induzir o relaxamento e o sono. Ao impedir essa ação, ela promove mais alerta e concentração.
Mas a adenosina também tem um papel importante na regulação dos vasos sanguíneos do cérebro. Ao ser bloqueada, os vasos se contraem — e é aí que entra a ligação com a enxaqueca.
Quando o Café é um Gatilho
Para algumas pessoas, a retirada da cafeína repentina pode causar efeito rebote, dilatando os vasos e gerando uma dor de cabeça intensa. Isso é chamado de “cefaleia de abstinência de cafeína” e pode surgir até 24 horas após a última dose de café — principalmente em quem consome em grande quantidade diariamente.
Além disso, o excesso de cafeína pode provocar efeitos adversos como ansiedade, insônia e desidratação, que também são gatilhos conhecidos para enxaqueca.
Sinais de que o café pode estar piorando sua dor de cabeça:
- Você sente dor ao pular uma xícara no dia.
- O consumo varia muito de um dia para o outro.
- Você consome mais de 300 mg de cafeína por dia (cerca de 3 xícaras grandes).
Quando o Café é um Aliado
Por outro lado, a cafeína tem propriedades vasoconstritoras — ou seja, ela ajuda a reduzir o calibre dos vasos sanguíneos dilatados durante uma crise de enxaqueca. Por isso, muitos remédios analgésicos incluem cafeína na fórmula.
Em doses moderadas e consistentes, ela pode potencializar o efeito de medicamentos e até aliviar dores leves quando usada no começo de uma crise.
Como o café pode ajudar:
- Em pequenas quantidades (1 a 2 xícaras por dia).
- Quando consumido de forma regular, sem picos ou pausas bruscas.
- Se usado com acompanhamento médico, em conjunto com analgésicos.
O Segredo Está no Equilíbrio
A chave para evitar crises está na consistência do consumo. O cérebro se adapta ao uso contínuo da cafeína e sofre quando há variações bruscas.
Dicas práticas:
- Evite consumir café após as 16h, para não afetar seu sono (que também influencia a enxaqueca).
- Hidrate-se bem. A desidratação potencializa os efeitos ruins da cafeína.
- Anote suas crises. Mantenha um diário de enxaqueca para identificar padrões relacionados ao consumo de café.
- Se decidir reduzir o café, faça isso aos poucos. Diminua meia xícara por vez ao longo de 1 a 2 semanas.
FAQ – Perguntas Frequentes
1. Café pode causar enxaqueca mesmo em pequenas doses?
Sim, especialmente em pessoas sensíveis à cafeína. Mas a maioria reage mal apenas quando há excesso ou variações no consumo.
2. Descafeinado é uma boa alternativa?
Sim! Ele tem menos cafeína e pode ser usado por quem gosta do sabor do café, mas precisa reduzir o estimulante.
3. Todo café tem a mesma quantidade de cafeína?
Não. O teor varia conforme a torra, o tipo de grão, o método de preparo e até o tamanho da xícara.
4. Chá preto ou mate têm o mesmo efeito?
Podem ter. Eles também contêm cafeína, embora em menor quantidade. Vale acompanhar como o corpo reage.
5. Crianças e adolescentes com enxaqueca devem evitar café?
Sim. A cafeína não é recomendada para esse grupo, e pode piorar quadros de dor e ansiedade.